terça-feira, 16 de outubro de 2007

Amar é Simples, Não?

Amor é Simples, Não?

Hoje acordei querendo fazer um poema, amar uma mulher, me sentir feliz. Mas como sempre...

Levanto, banho, lavo, como, ando, trabalho, atendo, cobro, pago, ouço, assovio, me arrependo, e depois me lembro, nem tive tempo para procurar essa mulher que se dirá minha musa e paixão... que dia após dia teima em existir apenas no meu pensamento... que se parece cada vez mais com aquela história da princesinha do oriente... Sem a mulher, tampouco há o poeta. Hoje eu deveria ter ficado na cama até mais tarde. O plano do poema desfaz-se em bolhas, some no ar, leva consigo a mulher e a felicidade pro céu. Hei de encontrá-la, amanhã ou depois da manhã.

Amanhã acordarei diferente. Colocarei na porta do quarto um aviso: procura-se uma mulher...

Mas que não me queira como esteio ou escora. Nem como amigo confidente. Não quero ser cara metade de ninguém, não sou príncipe encantado, sequer um cavalheiro que lhe leve flores, romanticamente. Quero uma mulher para amar, sendo somente eu... euzinho da silva, pecador ordinário, um tanto egoísta, ou hedonista, um tanto infantil, amante do prazer e do sorriso, do gozo e da felicidade, metade nobre e metade feio, meio sem jeito, um amador. Venerador de mulheres, dizendo-se poeta, levando a vida com o possível bom humor... Talvez não seja coisa assim, tão fácil, arranjar essa mulher que me queira, mas vou me esforçar.

Talvez eu acrescente: para um amor sem condições...

E que se entenda: nada me será pedido ou obrigado, nada me será imposto ou cobrado, deixe-se o barco correr. Sei que não completarei o que lhe falta. Sei que não serei o responsável por lhe fazer feliz. Não, não quero escambo, quero amor. Não seremos seres incompletos procurando no outro os pedaços que nos faltam, mas sim os dois já completos, inteiros, donos de nossos destinos e dos nossos corações, felizes de estar ao lado de quem se gosta por ser assim, cada um quem é, simples, não? Amor pode ter essa mínima dimensão de complexidade e ser tudo de bom.

Talvez eu tenha que escrever: venha, experimente!

Talvez eu tenha que me esforçar para convencer. Porque não faço promessas nem sonhos de ocasião. Não vou sonhar com nós dois velhinhos, sentados à porta, nem com os netos à nossa volta, nem com os filhos e os netos dos nossos netos, como diz a canção. Aconteça, se acontecer. E sei que é preciso um pouco de esforço de convencimento, afinal de contas sonhar é vício do ofício de viver, ainda mais à mulher, e jogar os sonhos mais românticos na lata de lixo pode doer.

Talvez eu encerre assim o meu anúncio: pois é apenas isso o que eu quero, ao acordar todo dia: fazer um poema, amar uma mulher, ser muito feliz... Simples, não?

5 comentários:

CRF disse...

O que é isto? Um conto, um poema ou um despertador?
Fantasticamente simples, sem ser simplista.

Lili disse...

Amar sem culpa e usufruindo o que de melhor a outra parte tem a oferecer...Parece simples. Mas � que vicia, sabe? Queremos mais e mais e mais...e prendemos a quem amamos inicialmente porque voava livre...Ser feliz assim eu tamb�m acho simples, desde que o outro tamb�m n�o traga algemas escondidas na manga.

Unknown disse...

Perfeito!
O amor é simples assim.
Beijo, meu poeta preferido

Anônimo disse...

É tudo tão simples, mas complicamos tanto, que deixa de ser simples..
Lembrei de uma música do Chico...Pedaço de mim, onde ele canta: "Oh, metade amputada de mim"...sei lá..., algo assim, imperfeito, pra um texto lindo e quase perfeito!!
Devaneios de uma fã sonada, mas encantada...
Beijos.

Sara

Anônimo disse...

O amor....muito bonito.

Beijos