domingo, 25 de novembro de 2007

Vida

Não sei se minha vida é vazia. Talvez seja cheia. Cheia de espaços. Provisória. Sem perceber claramente vou realizando uma história. Toda história é definitiva, antes de ser expressa. Tenho filhos, plantei árvores, escrevi livros. Vazia. Não gosto de ficar avaliando. Sempre tenho tanto a fazer, sinto-me sempre provisório mas em movimento. Um porto, outro porto, mais outro, nenhum é definitivo – só a minha história, porque passado. Imutável, antes. O passado engole o meu presente com a voracidade da minha pressa. Hoje vira ontem, ontem vira história, o amanhã vem aí sem pedir licença. Uma porra que alguém sabe exatamente o que lhe acontece!

Esse texto divide a minha vida em duas fases, o antes e o depois. Do texto. Que importância tem isso, gente? Antes do texto fiz um lanche. Antes e depois do lanche. Minha vida dividida por um mísero lanche. Nossas vidas são pequenos espaços entre, antes, depois, durante. Deveriam ser grandes projetos. Como se fossem obras a se construir. Planos.

Ainda bem que minha vida não é um projeto com começo, meio e fim. Seria chato como realizar um trabalho. Pensar na vida nos faz pensar em vazios, em projetos, nos faz olhar para trás. Prefiro ter sonhos, metas, ambições. Pequenas ambições. Meus sonhos são, agora, de médio e longo prazos. Aprendi que não adianta sonhar pouco, nem deixar que o sonho comande, gere estresse, decepcione. O segredo é sonhar com o possível, no prazo que dá para realizar. Mas, segredo maior ainda é aprender que dá para levar de muitas maneiras a vida neste espaço de tempo entre o sonho e a sua realização. Espaço de tempo. Levar a vida. O sonho está lá na frente. Ninguém disse que precisa ir voando. Relaxe.

Entre um sonho e outro, goze.

3 comentários:

Anônimo disse...

Preciso aprender a fazer isso, ensina?
Beijo
nin.
ps; mandei um email.

Rafael disse...

Gostei.

Anônimo disse...

Faz muitos anos que perdi aqueles sabores, cheiros e sons que me formataram os sentidos na infância.
E quando algum deles por mim passa fugazmente, algo se renova em mim com esse voltar às origens. É assim com a infância, com a adolescência com o ontem... Mas também com as pessoas, essas intemporais, quando formatam para sempre algo do nosso sentir. Foi bom reencontrar-te Pirra, e à tua escrita, que tem os cheiros, sons e sabores que em mim sempre renovaram algo... Como quando regresso às origens. Um abraço.