domingo, 11 de novembro de 2007

Transbordas...

Parecia coisa da sorte.

- Meu carro quebrou bem aqui na sua porta...

- Não tem problema! Já chamou alguém? Quer ligar para a oficina, para o reboque?

- Já liguei, obrigada...

- Vem, entra. Vamos tomar um refresco, uma água de coco...

Deixo-a seguir na minha frente. Que morena! Nos conhecemos da cidade, uma das meninas mais gostosas, mais bonitas, entre as que conheço. Uma vez trocamos olhares. Esses vestidos de tecido mole foram inventados para me matar, acho... E as sandálias de salto alto, deviam proibir! Meus hormônios se animam. É hoje! E veio assim, de graça!

- Senta um pouco, aceita uma água de coco geladinha?

- Ah, sim, obrigada.

Planejo rápido: primeiro, ficar sabendo se a moça está com alguém, que isso eu respeito; segundo, jogar todo o meu charme em elogios, poesias, papo sério ou papo bobo, e gentilezas, envolver para conquistar; terceiro, definir e tomar posse. De beijo na boca até amor selvagem, tudo à vista. Sirvo a água de coco e sento-me em sua frente.

- Continua linda...

- Obrigada (risos).

Pontadas de desejo já maltratam meu coração. A moça parece acessível, mas quem pode saber? Melhor tentar impressionar desde logo.

- Sabe, Sara, vc é realmente muito linda. Se de alma for parecida, se esse coraçãozinho tiver em doçura e nobreza a mesma perfeição do teu semblante, serás perfeita! Feliz, então, de quem mereça os teus carinhos. Esse alguém existe?

- Hem? Não entendi...

- Desculpe, perguntei se havia alguém atualmente merecendo seu interesse.

- Como assim?

- Uma mulher tão bonita, haverá porcerto alguém em sua vida. De pretendentes estou certo de que transbordas!

- Transbordas? Como assim?

- Sara, pelo amor de Deus...

- Você fala cadas coisas!

- Deixa eu ser mais direto: há alguém lhe comendo, agora?

- (Risos tipo encabulados)

- Entendeu o que eu quero saber, coisa linda?

- Há o Carlos, mas está viajando...

Do beijo ao amor selvagem em tantos minutos. A moça não é letrada mas tem o coraçãozinho nobre e gentil. Seu entusiasmo é transparente, seus gritos de, digamos, felicidade, foram ouvidos pelo caseiro, a 200 metros. Sua única curiosidade foi sobre a palavra transbordas. Quem disse que é necessário ter um vasto vocabulário pra ser uma boa pessoa? Pena que o defeito fosse apenas uma sujeira no combustível do seu carro e que o mecânico fosse tao rápido.

Um comentário:

Lili disse...

Safado! rs
(adoro você)