Dormi poeta, acordei filósofo. Culpada de tudo, Dona Canô, cem anos completados ontem, que fechou a minha noite cantando na TV com os filhos ilustres, Caetano e Betania, e acordou-me hoje na TV explicando com a simplicidade própria como chegar bem aos cem anos de idade: “É viver com calma, procurando sempre ser feliz!”. Nada mais baiano do que isso, não é? Alguém ao meu lado comentou: “Isso é balela, conversa de baiano, a gente tem é que trabalhar muito para sobreviver ou então virar político e ladrão, não se tem mais tempo para ser feliz. Hoje, meu amigo, com esse mundo globalizado, quem parar para ser feliz vai é dançar!”.
Lembrei-me de imediato de um movimento, começado na Europa, que vem ganhando força, chamado Slow Down. Defende a adoção do tempo mais adequado para cada tarefa, projeto, atividade, desconsiderando a pressão e a pressa. É o reviver do “devagar se vai ao longe” e do “a pressa é inimiga da perfeição”. É a valorização da qualidade sobre a quantidade. É a constatação da importância do prazer cotidiano, do ócio positivo, da convivência com a família e com as pessoas que amamos, é um brinde à boa mesa, à boa cama, à boa conversa, à generosidade, à amizade, ao amor. É o abaixo o fast-food, abaixo o agora e já! É reconhecer que o único tempo que existe é o presente e que num único minuto podemos viver toda uma vida – e que não faz sentido passar a vida correndo à procura da felicidade em apenas ter mais, apenas ganhar mais, apenas chegar na frente.
Durante muitos anos trabalhei em empresas de grande porte. Presidência, Diretorias, Departamentos, Divisões, Seções, Sub-seções e o escambau. Milhares de pessoas tocando dezenas de projetos, indo e vindo em várias direções, sofrendo pressões de todos os lados, lutando para não ser ultrapassados, para manter o seu emprego, para sobreviver. E batendo papo, passando emails, lendo revistas, fazendo joguinhos, fazendo política, gastando o TEMPO determinado ao trabalho em atividades que nada têm a ver com esse fim. Trabalhássemos menos horas e mais satisfeitos, com certeza absoluta renderíamos muito mais.
Certos estão os europeus do slow down, é preciso ser sensato nos prazos e dedicar o tempo certo ao descanso, ao convívio com a família e os amigos e ao lazer. Certíssima está Dona Canô, que teve tempo e sabedoria para procurar primeiro ser feliz, para conseguir viver cem anos satisfeita e em boa saúde, tendo força e vitalidade para, com toda afinação, ainda cantar. Viva o Slow Down! Viva Dona Canô! Amém...
segunda-feira, 17 de setembro de 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
5 comentários:
Muito bons seus post. Adorei sua maneira de escrever... palavras fortes me atraem.
Uau! Obrigado pelo cecílio elogio, Barbara. Vamos manter contato. Beijos. Bárbaros.
Quem é essa tal de Bárbara Cecília que agora deu para visitar os nossos blogs e ainda por cima me chama de querida!? Eu odeio ser chamada de querida!!!!
Liga não, Querida...
Postar um comentário