segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Dona Canô e o Slow Down

Dormi poeta, acordei filósofo. Culpada de tudo, Dona Canô, cem anos completados ontem, que fechou a minha noite cantando na TV com os filhos ilustres, Caetano e Betania, e acordou-me hoje na TV explicando com a simplicidade própria como chegar bem aos cem anos de idade: “É viver com calma, procurando sempre ser feliz!”. Nada mais baiano do que isso, não é? Alguém ao meu lado comentou: “Isso é balela, conversa de baiano, a gente tem é que trabalhar muito para sobreviver ou então virar político e ladrão, não se tem mais tempo para ser feliz. Hoje, meu amigo, com esse mundo globalizado, quem parar para ser feliz vai é dançar!”.

Lembrei-me de imediato de um movimento, começado na Europa, que vem ganhando força, chamado Slow Down. Defende a adoção do tempo mais adequado para cada tarefa, projeto, atividade, desconsiderando a pressão e a pressa. É o reviver do “devagar se vai ao longe” e do “a pressa é inimiga da perfeição”. É a valorização da qualidade sobre a quantidade. É a constatação da importância do prazer cotidiano, do ócio positivo, da convivência com a família e com as pessoas que amamos, é um brinde à boa mesa, à boa cama, à boa conversa, à generosidade, à amizade, ao amor. É o abaixo o fast-food, abaixo o agora e já! É reconhecer que o único tempo que existe é o presente e que num único minuto podemos viver toda uma vida – e que não faz sentido passar a vida correndo à procura da felicidade em apenas ter mais, apenas ganhar mais, apenas chegar na frente.

Durante muitos anos trabalhei em empresas de grande porte. Presidência, Diretorias, Departamentos, Divisões, Seções, Sub-seções e o escambau. Milhares de pessoas tocando dezenas de projetos, indo e vindo em várias direções, sofrendo pressões de todos os lados, lutando para não ser ultrapassados, para manter o seu emprego, para sobreviver. E batendo papo, passando emails, lendo revistas, fazendo joguinhos, fazendo política, gastando o TEMPO determinado ao trabalho em atividades que nada têm a ver com esse fim. Trabalhássemos menos horas e mais satisfeitos, com certeza absoluta renderíamos muito mais.

Certos estão os europeus do slow down, é preciso ser sensato nos prazos e dedicar o tempo certo ao descanso, ao convívio com a família e os amigos e ao lazer. Certíssima está Dona Canô, que teve tempo e sabedoria para procurar primeiro ser feliz, para conseguir viver cem anos satisfeita e em boa saúde, tendo força e vitalidade para, com toda afinação, ainda cantar. Viva o Slow Down! Viva Dona Canô! Amém...

5 comentários:

Bárbara Cecília disse...

Muito bons seus post. Adorei sua maneira de escrever... palavras fortes me atraem.

Anônimo disse...

Uau! Obrigado pelo cecílio elogio, Barbara. Vamos manter contato. Beijos. Bárbaros.

Nah disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Nah disse...

Quem é essa tal de Bárbara Cecília que agora deu para visitar os nossos blogs e ainda por cima me chama de querida!? Eu odeio ser chamada de querida!!!!

Anônimo disse...

Liga não, Querida...