segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Fugidia

vi teu sorriso, fugidio. como um raio. que me rachou ao meio. dedicou-me um medo misterioso que nos protege aos dois. como se um outro raio estivesse pendurado. pronto. sobre nossas cabeças. e o nosso amor fosse romper a corda. acorda, fugidia! o amor ajunta, cola, funde. o que divide é a ausência do presente, sem nenhuma noção.

bush ordenou guerras e subvencionou a economia americana. lula queria ordenar uma guerra ao butão, mas o comunicado foi parar no pelourinho, em salvador. e então preferiu-se fazer propaganda do pré-sal e da reforma aquária, coisa mais hilária, um barril de petróleo retirado das raízes das ameixeiras japonesas e custando quase cento e cinquenta dólares o barril. o rei de butão anda nu.

meu cachorro faleceu ontem pela manhã, numa prova inconteste de que preferia a liberdade da alma ao jugo das correntes. era um cão indomesticável. como um tamanduá. fica o meu respeito. já tinha a minha admiração.

ontem eu vinha andando pela rua quando vi um velho, mendigo e poeta, dedicando uma poesia muito obscena à bunda de uma mulher gorda que entrava e saía de uma farmácia, próxima ao lugar onde o dito poeta faz ponto. a parte obscena da poesia era um verso. bunda que se preze não perde homenagem à toa. enquanto ele falava num certo "cu gordo que me estima", a mulata rebolava sem atentar na rima, numa boa. seu sorriso maroto e contido tirava o constrangimento da cena.

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