segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Poesia

O Poeta, O Menino e O Capeta


Minha alma é buraco negro
Negro é belo, Bléquis Bíurifo
(é o cu!)
E minha parte Amy reina sobre tudo ali
Minha parte Amy bebe!
Argh!
Meninas incautas, não se apaixonem!
Paixões incautas são desastres.
E eu sou bad, bad, bad...

Depois não digam que nunca avisei!
Como é o seu nome? Menino.
E o nome dele? Cachorro.
O que vai fazer? Vou para casa.
Seus pais, quem são? Pai e Mãe.
E onde é a sua casa? Voute!

O Menino leva O Cão sem corrente.
Em casa os pais o esperam pacientemente.
E o almoço está na mesa, ainda quente.

Alguém é acusado de tudo. É O Capeta.

O Poeta, desconfiado, faz uma poesia diferente.

Isso não é poesia, é jost!

Minha tia chama-se Eva e meu tio nunca existiu.
Mas a rima Eva viu.
Chamou O Menino de poeta. E o cachorro.
O Capeta riu, riu e riu.
O Poeta, injustiçado, pensou, sem poesia nenhuma:
“O que é isso?? Puta que o pariu!!!”.

Ele era muito desconfiado.

E as cortinas se fecham deixando o público
Es tu

Fato!

Voute!!!

sábado, 25 de outubro de 2008

Tolerando o Intolerante

Faz tempo me interesso pela natureza das pessoas intolerantes. Tentar compreender faz parte do esforço para tentar tolerar. Já descartei a idéia de que são intolerantes apenas porque acharam espaço. Não mimá-los nem sempre evita que se tornem intolerantes. Mas tenho bons indícios de que a genética contribui. Sugiro que a tolerância com os intolerantes ajude a sua proliferação. Intolerantes gostam de vangloriar-se de ter o pavio curto. Queimam-se com facilidade. Ai do mundo que não estiver de acordo com o que eles desejam. Ai da pessoa que não concordar com suas vontades, seus momentos e suas idéias. Dos tolerantes nasceram muitas tragédias da humanidade. Não se deve, pois, deixar que um intolerante detenha poder. Quando dois intolerantes se encontram logo se afastam. Eles se reconhecem com facilidade. O grande problema é quando um intolerante se camufla. Fazem isso, às vezes, para conseguir o que querem. Muitas vezes conseguem. Em seguida, porém, com habilidade, põem para fora sua nata intolerância. Não raro com um refém ao lado. Intolerantes são intoleráveis. Por terem essa exata noção antecipam-se. Fecham portas, criam muros, nunca fazem pontes. Pode-se fazer o maior esforço para entendê-los, procurando tolerá-los, mas será sempre um esforço inútil. Num contexto com tolerantes e intolerantes coitados dos tolerantes. É muito muro e porta fechada. E dinamite para explodir as pontes.

Vegetariano

Ensaio

Sabe-se que todo mundo pensa em, um dia, começar uma dieta ultra-saudável apenas à base de vegetais. Seja para melhorar sua condição geral, seja para emagrecer, para se livrar de desconfortos atribuídos ao consumo de produtos animais, seja por muito ou por pouco tempo, seja de forma radical ou tolerante, todo mundo pensa ou pensou nisso um dia. Imagine uma enorme coincidência e...

Um dia, tipo amanhã, a humanidade acordará decidida a não mais consumir proteína animal. Nenhum grama.

Isso resultará num benefício enorme para a saúde humana.

Por outro lado deixará um problema que se desdobra em três: será necessário alimentar a população mundial apenas com a produção agrícola; os animais existentes precisarão ser alimentados idem, com a produção agrícola, o que criará uma situação de demanda muito maior exatamente quando a produção é insuficiente para a humanidade porque era apenas parte do total; coloca-se em risco o razoável equilíbrio que existe até aqui.

Os agricultores reclamam as áreas anteriormente utilizadas para a criação animal e um problema fundiário se estabelece. Os animais são um mico, só dá para acreditar em peixe e avestruz. Hortas invadem pastagens. Animais invadem as hortas. Homens se esforçam para deixar animais fora das hortas. A civilidade está em risco. Nas cidades as pessoas assistem a tudo pela televisão e sorriem. Engraçado ver homens e bois e porcos e aves e plantas disputando espaço. Lá longe...

Não há tecnologia para noventa por cento dos grãos fontes de proteína, e apenas três deles ocupam a maior parte das terras e das dietas das pessoas e dos outros animais. Toda a produção que depende de produtos animais e que não é para alimentação está paralisada. Procuram-se produtos substitutos para couro, ossos, chifres, bílis, cartilagens, pelos, cascos... O mundo parece um pouco desorganizado neste aspecto. Os animais deixados à solta procriam numa proporção acima do esperado.

Falta comida. Há animais demais e vegetais de menos. Desde o começo as pessoas relativizam as dietas incluindo peixes e frutos do mar. O camarão chega a 100 dólares, assim como o pirão de peixe. As algas faltam no mar, os cereais são insuficientes, trigo, soja e milho, começam a aparecer notícias sobre ossadas bovinas encontradas em valas rasas no coração do sertão. Um cientista argentino afirma que não há mais chances de recuperação dos estoques mundiais de alimentos. Um milionário russo estabelece novo recorde para o preço do tatu: mil dólares por cabeça.

Fim do Ensaio