quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Marketing do Diabo

Pessoas bonitas e/ou interessantes são como anúncios.

E anúncios são pequenas armadilhas.

Oferecem coisas que não queríamos. Nem precisávamos.

Pensem nessas campanhas publicitárias. Seduzem como olhares de serpentes. Conquistam-nos com soluções para problemas que nem temos. Fazem-nos desejar coisas que não queremos. Provocam fantasias, tão misteriosas quanto sem sentido. Induzem, cegam, muitas vezes nos enlouquecem. Acendem desejos absolutamente dispensáveis.

Anúncios são como pessoas bonitas e/ou desejáveis.

Pecados disfarçados, mexem com a parte da nossa natureza que a civilidade esconde. Anúncios são como o diabo. E o diabo, sabe-se, veste Prada. E toma Coca-Cola, e fuma Marlboro, e calça Adidas, e fala num Motorola, e dirige um Toyota. O diabo seduz e convence até o próprio diabo!

O desejo, a necessidade, de convencer e seduzir é algo inerente à nossa natureza. Pessoas sempre quiseram seduzir pessoas. Uns deixam-se seduzir por isso, outros por aquilo, mas sempre haverá quem saiba disso ou daquilo para seduzi-los.

O poder de seduzir dá poder. Dá domínio. Faz com que uma pessoa se dobre à vontade e ao desejo de outra. Propicia relações viciadas, tirânicas, mesmo que enfeitadas de fidelidade, amor ou respeito. O sedutor é o diabo na posição de ataque. O seduzido, longe de coitado, é praticante de outro tipo de sedução, é o escolhido. O seduzido é o diabo na defesa.

Pensada por essa ótica a humanidade não passa de um mercadinho fuleiro, um andar abaixo do inferno, vizinho pobre do purgatório. Mas o diabo quando toma Old Parr é meu amigo.

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