terça-feira, 29 de julho de 2008

Umas coisas que andei pensando

Amigos da Onça


Um empreendedor adquiriu terras em Mato Grosso e lá instalou um belo projeto de criação de ovelhas da raça Santa Inês, investindo em pastagens, instalações e genética, com matrizes que chegam a valer até R$ 3.000,00 cada. Como recomendado, todos os dias as ovelhas são recolhidas para o pernoite em um local fechado e abrigado contra frio, vento, chuva e predadores comuns, como cães.

Numa noite dessas da semana passada, uma onça entrou no local e matou quase trinta ovelhas da fazenda. Um especialista informou que nesta época as onças estão em fase da acasalamento e saem para caçar, para se alimentar. Sugeriu a captura e remoção do felino. O empresário pediu licença ao Ibama para capturar a onça e solta-la em algum local de matas longe dali. O Ibama respondeu com o óbvio: a onça, como animal silvestre, estava protegida pela lei. Não concedeu a licença.

Como fazer instalações à prova de onças é muito caro e não protege o rebanho nas horas de pastoreio, a essa altura o empresário já deve ter matado a onça. O Ibama é mesmo um amigo da onça...



Lá e Aqui


Não conheço in-loco a situação econômico-social da Argentina mas sempre ouvi que eles são uma gente culta, engajada, atuante, sem pobres miseráveis e ignorantes na sua população. Deduz-se que devem saber em quem estão votando. Volta e meia se vê argentinos revoltados contra o governo, promovendo quebra-quebras e panelaços, aos quais assisto pela TV com um misto de admiração e inveja. Impressiona a disposição dos hermanos para a mobilização frente a qualquer desmando ou violência promovido pelo governo.

Pensando cá com meus botões, esses filhos da puta são piores do que eu pensava. Aqui perdoamos nossos eleitores, por colocarem essa merda de políticos em Brasília, considerando a sua situação de pobreza e ignorância, analfabetismo, dependência dos bolsas-isso e bolsas-aquilo do governo – a necessidade da venda do voto, etc. Mas lá, eles não são cegos! Como explicar o Néstor Kirchner antes e essa sua mulher agora?

Vai ver eles gostam mesmo de sofrer, como dizem...

Não vou falar uma vírgula sobre futebol.

sábado, 12 de julho de 2008

O Purgatório

Nunca luto mas apóio.
Torcida.
Sou um caso definido.
Preguiça.
Minha inteligência não soma.
Desperdício.
Sou um filósofo em causa própria.
Desculpa.
Enxergo tudo que não quero.

Aqui deveria haver um verso. Mas é foda!

Entre a sobriedade obtusa e a criatividade delirante do ébrio
Ainda nesse limbo promitente
Encontro-me
Meu habitat
Antes desse ponto suicido
Além desse ponto não consigo
Sou somente um espírito assustado
Descobrindo-se
Num lapso incandescente
Que passa muito longe dos sonhos...

Ao optar pelo limite
Entre o sólido e o sonho
Apenas exerço meus direitos
De sobrevivente.

Queria que me entendessem
Queria muito que me entendessem
Queria tanto...
Mas se não me entendem, fodam-se!

Moro muito bem nesse purgatório.